Embora os registros do primeiro carro a desembarcar no Brasil datem de mas de um século atrás, o primeiro carro efetivamente do Brasil foi lançado em 1956. Em uma época de carroças e cavalos, já era possível encontrar alguns exemplares importados. O próximo passo do Brasil no mundo automobilístico comportava uma produção artesanal e nacional, porém, todas as peças vinham de outros países.
Finalmente, então, em 1956, surge o primeiro carro com produção em escala totalmente brasileira. Apesar de ter espelhado em um modelo de um minicarro italiano, todos os esforços e etapas da fabricação são brasileiros. Assim, a seguir estão elencadas orgulhosas informações e curiosidades sobre o primeiro carro do Brasil.
Nasce o Romi-Isetta
A inspiração inicial da fabricação do primeiro carro do Brasil é de origem Italiana. Criado para ser ágil, rápido e compacto, o carro-bolha, como era conhecido, ganhou notoriedade até o surgimento da perua DK-Vemag, poucos meses depois.
Depois do sucesso de vendas da BMW alemã, a Romi que, até então, produzia tratores assume o papel de reproduzir e aprimorar o modelo no Brasil. Seus esforços fizeram Santa Bárbara D’Oeste, em São Paulo, ser o berço da história nacional da indústria automobilística. Em paralelo à expectativa de lançamento do automóvel, a Romi investiu um trimestre na preparação de estoque mínimo, estruturação do abastecimento do mercado e na constituição da rede de vendas e de assistência técnica.
Após toda a preparação, o lançamento do veículo contou com toda a pompa merecida. Juntamente com o lançamento do carro, abriu-se também a primeira loja do veículo. O evento foi marcado por um desfile de exemplares do veículo que segui para o Palácio Episcopal em atitude simbólica. Após a invocação da bênção, o ritual contou com a passagem pelas principais avenidas do centro de São Paulo até se desemboca na, então, sede do governo do estado. Em ato final a caravana que reuniu celebridades, foi recebida pelo governador Jânio Quadros, que conferiu honras ao modelo recém-lançado.
Características
O primeiro carro de passeio fabricado inteiramente no Brasil era um modelo peculiar que poderia rodar até 95 km/h. Entre suas especificidades estavam os fatos de contar apenas com dois lugares e uma porta. Inclusive, essas características chegaram a lançar polêmicas por ocasião do incentivo do governo para a indústria automobilística. Isso porque, as exigências para o enquadramento incluíam quatro lugares e mais de uma porta, o excluía o Romi-Isetta dos benefícios.
Sua apresentação era voltada para atender as necessidades extras da família, como um segundo carro, ou para suprir a necessidade de jovens estudantes universitários. Também como estratégia de marketing, as propagandas da época foram bastante direcionadas para o público feminino.
Dados Técnicos
Então, a produção do primeiro carro do Brasil se manteve no mercado entre os anos de 1956 e 1961, e se apresentou em duas versões. A primeira delas se tratava do Romi-Isetta motor Iso – 236 cm³. Porém, por causa da sua natureza superpoluente, teve uma alteração significativa com a troca do motor, o que o transformou no Romi-Isetta motor BMW-298 cm³.
A partir da alteração, o motor que era construído em bloco e cabeçote de alumínio, ganhou ciclo de quatro-tempos e diminuição de dois para um cilindro com dimensões aumentadas. Enquanto isso, as duas versões contaram com câmbio de quatro marchas em uma caixa de alumínio.
Na parte de suspensão, o primeiro carro do Brasil mantinha a traseira independente e a dianteira com eixo rígido de bitola reduzida, além dos amortecedores hidráulicos telescópicos inclinados. A fim de completar o conjunto, o volante era fixado à porta, além de manter uma coluna articulada.
Durante o tempo de sua manutenção no mercado, o Romi-Isetta foi ganhando toques como alavancas de pisca-pisca e faróis no painel, alteração da posição dos faróis, rebaixo na carroceria, variação no tamanho dos pára-lamas. tampa de combustível exposta e vários outros detalhes.
Aposentadoria do Primeiro Carro do Brasil.
Infelizmente, embora tenha feito história, o primeiro carro do Brasil teve sua produção encerrada após a fabricação de 3 mil modelos. A produção em massa de outros veículos como o fusca ganharam uma proporção ao ponto de encobrir as vendas do Romi-Isetta. Um dos motivos para isso era o fato de se apresentar com preços melhores, já que contava com o benefício do governo da época. Em contrapartida, o primeiro carro do brasil começou a parecer obsoleto em seu espaço e funcionalidades, o que levou ao fim de sua produção em 13 de abril de 1961.
Mas, este não é o fim da história. Pois, de lá para cá o movimento de recuperação desses modelos e de sua memória tem crescido no país. Assim como diversos modelos clássicos encontram lugar no mercado automobilístico nacional, é comum ver em eventos de carros de colecionadores, exemplares do Romi-Isetta. Afinal, não se tratou apenas do primeiro carro do Brasil, mas marcou sua presença com interferências históricas e políticas.