Saiba mais sobre a história do Chevrolet Opala um ícone do mercado automobilístico brasileiro
O projeto:
Seu projeto, chamado de 676, demorou cerca de dois anos para a conclusão, sendo apresentado na abertura do VI Salão do Automóvel de São Paulo, num sábado, dia 23 de novembro de 1968, já como linha 1969. A composição do Opala, combinava a carroceria alemã do Opel Rekord C / Opel Commodore A, fabricado de 1966 a 1971 com a mecânica do norte-americano Chevrolet Impala, fazendo que existisse duas unidades de medida distintas (em função dos países de origem), tanto no conjunto motriz, como na carroceria.
Fora fabricado ao longo de 23 anos e cinco meses na cidade paulista São Caetano do Sul, localizada na Região Metropolitana de São Paulo, passando por atualizações estéticas e mecânicas, sendo mantido o projeto original, até ao dia 16 de abril de 1992, uma quinta-feira. Durante o período em que esteve em produção, foram oferecidas paralelamente duas opções de motores ao Opala, 4 ou 6 cilindros, tanto para as versões básicas, luxuosas ou esportivas. Durante todo o seu período de fabricação, foi considerado um veículo robusto e confortável, com um bom espaço aos ocupantes.
Do início ao fim de sua produção, não sofreria grandes mudanças no projeto original, mantendo a mesma linha de cintura (desenho lateral) e motorização com o passar dos anos, sendo eleito pela Revista Autoesporte o Carro do Ano de 1972, e a station wagon Caravan, de 1976. Ao final de sua produção, acumularia um número próximo a um milhão de unidades(sempre carburado), sendo sucedido pelo Omega, um também projeto Opel.
A apresentação
No Salão do Automóvel de 1968, o Chevrolet Opala, primeiro GM de passeio fabricado em solo nacional, foi apresentado com muita pompa e prestígio. O ex-piloto de Fórmula 1 Stirling Moss veio da Inglaterra especialmente para a ocasião, um sábado, 23 de novembro, quando dividiu o estande da marca com diversas misses brasileiras. O modelo chamou atenção pela imponente grade dianteira, com frisos cromados na horizontal, rodas cromadas com sobrearo, assim como pelas linhas no formato Coke Bottle (“garrafa de Coca-Cola”), semelhantes às de modelos norte-americanos como o Chevy Nova.
A primeira geração do modelo, sedã quatro portas, trazia duas versões: a Standard, com acabamento mais simples e motor 4 cilindros 2.5 de 80 cavalos, e a Luxo, com um seis cilindros 3.8 de 125 cavalos sob o capô. O que, à época, era bastante coisa, especialmente no caso de um veículo com tração traseira – o que fez com que as arrancadas tornassem-se sua marca registrada. O Opala foi alçado ao posto de carro de um dos carros mais potentes do Brasil, perdendo apenas para o maior Galaxie 4.6 (164 cv). O Dodge Dart 5.2 (198 cv) surgiria só no ano seguinte (1969). Vale lembrar que ambos eram V8.
O lançamento:
O modelo foi anunciado exatos dois anos antes de seu lançamento, em 23 de novembro de 1966, em uma coletiva de imprensa no Clube Atlético Paulistano. Como o modelo ainda estava em desenvolvimento, foi divulgado apenas como Projeto 676, o que aumentou ainda mais a expectativa pelo Chevrolet. Meses antes de sua estreia no Salão do Automóvel, comerciais com Jair Rodrigues, Tonia Carrero e Rivellino vinham sendo veiculados com o slogan: “Espere um pouco mais, o seu carro vem aí”. “Ah, é sensacional!”, definia o então meia-esquerda do Corinthians, aos 22 anos.
Após testes com os Opel Kadett e Olympia, optou-se por um projeto de carro maior. O modelo combinava a carroceria do alemão Opel Rekord C com o motor básico do norte-americano Chevrolet Impala – o que pode ter originado seu nome, pois, além de designar a pedra preciosa nativa brasileira, a palavra Opala também é uma junção de Opel e Impala.
A decisão de fabricar o primeiro Chevrolet nacional havia sido tomada no início daquela década, junto ao Geia (Grupo Executivo da Indústria Automobilística), criado pelo presidente Juscelino Kubitschek. Por ironia do destino, o ex-presidente morreu a bordo de um Opala, em 1976, quando o veículo foi atingido na traseira por um ônibus, atravessou o canteiro central e colidiu de frente com um caminhão carregado de gesso que vinha na direção contrária da rodovia Dutra, na altura de Resende (RJ). Quem dirigia era seu motorista particular, Geraldo Ribeiro.
O Opala SS
No final de 1970, quando já alcançava 50 mil unidades vendidas, o Opala estreou na versão cupê SS, sigla para super sport (super esportivo). O icônico motor de 4,1 litros, que estreou nesta versão, somado a acessórios esportivos, como faixas pretas no capô, mostrava ao que o modelo tinha vindo pronto para brigar com o recém-lançado Dodge Charger R/T. “Quando foi lançado o Opala 250-S [1976], os V8 como o Maverick GT tinham que rebolar para conseguir acompanhar”, diz o piloto Paulo Gomes, relembrando o antológico motor laranja que rendia até 171 cavalos na versão de série e muito mais quando preparado.
Um ícone:
Com 1 milhão de unidades produzidas, o Opala faz parte da história do Brasil no final do século 20. O modelo saiu de linha dois anos após o ex-presidente Fernando Collor abrir os portos para importação e chamar os carros brasileiros de “carroças”. “A essa época, o Opala já era um projeto antigo, construído sobre uma plataforma alemã da Opel. Não era mais viável mantê-lo em fabricação, então fazia mais sentido fabricar o Omega, já sobre monobloco, que reunia tudo que tinha de mais avançado em tecnologia da montadora. Quando o último Opala foi pintado, em 15 de abril de 1992, vários fãs do modelo saíram em carreata ao redor da sede da GM, em São Caetano do Sul (SP) , como forma de protesto.